Peço licença para escrever aos ex-amores ou desamores que tive nessa curta vida. Usarei o termo moço para me referir à um ou à todos. A cada um em nossa história cabe reconhecer nas minhas palavras seus comportamentos, ações e palavras.
Moço, finalmente entendi que sua forma redentora de partir dizendo que era o melhor para mim, ou mesmo não dizendo coisa alguma, não era para mim, era pra você. Mas sorte a minha que você se foi.
Confesso que doeu, algumas vezes muito, outras pouco e outras matada com alguns xingamentos e caipirinha de cachaça (você sabe que é a minha preferida).
Incomodou, aquele sentimento de ser rejeitada e interrompida perdurou algum tempo, um tempo que eu poderia ter aproveitado melhor. Mas eu estava errada, eu não fui rejeitada, na verdade você rejeitou o que eu representava para você, e o que você escolhe pensar e ver de mim não é necessariamente o que eu sou. Aliás, você se permitiu me conhecer?
Sobre ser interrompida era porque eu achava que ainda havia tanto para ser vivido, sentido e experienciado, mas eu me enganei, você não viveria aquelas coisas por falta de interesse em compartilhar.
Eu posso ter dito eu te amo, ou posso ter te amado da minha maneira. Lembra da maneira como eu te ouvi, do carinho que tive com você, como eu me importava se você estava bem, se tinha chegado bem em casa e dei o meu primeiro bom dia e o último boa noite até o fim. Todas as risadas que eu dei. As coisas que compartilhei como quem entregava o seu maior segredo ou tesouro. A verdade é que eu era inteira, você era momento.
Moço, eu deixei você ocupar os espaços que queria, pois pra mim afeto é construído com o tempo, com a convivência, com a troca e com a permissão. Se pareceu que eu lhe pedi reciprocidade me desculpe, eu me enganei em achar que você era inteiro ou disposto.
Eu deixei um pouco de mim e levei um pouco de você comigo, afinal, tivemos coisas em comum, que eu não deixei de gostar por causa de você. Aliás para mim o que importou sempre foram os pontos de concordância, nunca exigi que você fosse como eu, que se encaixasse em minha vida. Eu pedi para você deixar eu participar de sua vida e deixei a porta aberta para participar da minha, tendo sempre o cuidado com o meu, o seu e os nossos sentimentos um para o outro.
Mas sorte a minha que você se foi, você não estava querendo ficar e não gosto de gente morna. Você dizia que eu era séria demais, boa demais, me entregando demais ou gostando demais. Eu que era mais ou você que era menos? Às vezes você que não estava interessado em ser, ou não se permitindo sentir as nossas vivências com a intensidade que eu vivi.
Obrigada pela honestidade com palavras ou silêncios. A verdade é que eu sou amor da cabeça aos pés e você era medo, era receio, desinteresse em aceitar o amor que eu estava disposta a dar, a compartilhar com você. Fique tranquilo, eu notei que com seu jeito desajeitado e atrapalhado tentou. Mas sorte a minha que você se foi.
Eu não insisti, você é livre e eu também sou. Amor não é prisão. Amor não é lição a ser ensinada. E se você ama a solidão ou pelo menos faz questão de ser um e não par, sorte a minha que você se foi e eu não tive que te expulsar.
P.S.: Obrigada pelos momentos e pelas lições aprendidas. Das poucas coisas que eu sei é que eu quero amor e quero amar, não há espaço para quem não queira ficar.
Brenda Elisa.